30 dezembro 2009

Femina: Legendary Tigerman e o Universo Feminino

Este post inclui os vídeos de "Life Ain't Enough for You" e de "Radio & TV Blues".



Femina, o trabalho que Paulo Furtado, aka Legendary Tigerman, concebeu como tributo às mulheres e desenvolveu em estreita parceria com um conjunto de artistas femininas (principalmente da música, mas também do cinema e do teatro) ultrapassou as expectativas em termos de popularidade e de vendas, tendo entrado directamente para o 3ª lugar do top nacional em Outubro passado. Foi considerado pela Blitz o melhor álbum nacional de 2009.


Femina é uma composição estética densa, complexa e multifacetada em termos da sua construção e dos significados de que está investida, fruto do processo criativo que lhe deu origem, das múltiplas colaborações/parcerias que lhe deram corpo, e da própria personalidade e talento do(s) seu(s) autor(es). Dizer algo que pudesse fazer-lhe jus implicava um processo demorado de reflexão e de escrita, sobre o álbum (já esquecendo o DVD) e sobre um conjunto de questões,  por exemplo sobre representação do universo feminino nas artes...

É fácil perceber porque é o álbum atingiu este (em certa medida) inesperado nível de popularidade. Por várias razões decerto, mas desde logo pelo seu conceito, pelo facto de ser uma homenagem que um homem faz às mulheres, não se limitando a escrever para elas ou a cantar sobre elas (o modelo historicamente dominante) mas com elas, como iguais. Um homem claramente atraído pela mulher emancipada, complexa,  simultânea e intrínsecamente anjo e demónio, good girl e bad girl (categorias que mistura e subverte). Um homem fascinado por um universo feminino que concebe (e mistifica?) como incrivelmente mais complexo do que o universo masculino que ele  parece ver como descomplicado ou até simplista:


"Sem entrar em considerações mais radicais, do género "os gajos são todos iguais e as gajas são todas iguais", acho que há coisas francamente mais femininas. Quanto mais não seja, a complexidade que tudo pode atingir. Normalmente, um homem olha para uma parede preta e vê uma parede preta, uma mulher vê dez demãos de cinzento." (Paulo Furtado in Ípsilon 25.09.2009)
http://ipsilon.publico.pt/musica/texto.aspx?id=241425 )


Será que é assim? Não será este trabalho a prova do contrário?


Em termos de sonoridade é um álbum de que se gosta facilmente... doce, envolvente e insidioso, 'aconchegante' ("snug as a bug in a rug"). A abordagem da complexidade do universo feminino encontra-se também a este nível, sendo visível o contraste entre a doçura e acalmia de canções como "Life ain't enough for you" ou "Lonesome town" e a energia de "Radio & tv blues" ou "The saddest thing to say", a irreverência e inquietação existencial da brilhante "My stomach is the most violent of all of Italy", e a manifesta tensão sexual de "She's a hellcat", "Light me up twice" ou  "Then came the pain".
 


(Foto, de Jean-Baptiste Mondino, in http://www.myspace.com/thelegendarytigerman )

Igualmente potente é a fotografia icónica da capa do disco, em que o célebre fotógrafo de moda francês Jean-Baptiste Mondino imortaliza a imagem de um muito masculino Furtado cuja  tentativa de aproximação ao universo feminino não consegue ir além do plano superficial da aparência (do make-up). É o reconhecimento da separação irreconciliável de dois universos (o feminino e o masculino) que se podem aproximar (e interpenetrar), podendo o todo produzido ser melhor do que a soma das partes,  mas nunca fundir-se...


Na minha opinião, em termos conceptuais, a verdadeira essência de Femina  não é a homenagem às mulheres mas a celebração do encontro e das aproximações possíveis entre os universos feminino e masculino, diferentes, ambos complexos e multifacetados, e a evidência dos frutos que daí podem resultar.


Não sendo os meus preferidos, aqui ficam  dois temas que exemplificam as impressões acima registadas.


Legendary Tigerman | Vídeos de Música do MySpace




29 dezembro 2009

Sugestões para 2010: We Will Rock You no Dominion Theatre em Londres

Este post inclui dois vídeos: o trailer e um excerto (Radio Ga Ga) do musical londrino We Will Rock You.



Ao escrever o último post veio-me à memória um séjour em Londres em 2005, durante o qual fui ver o musical concebido por Ben Elton (actor, dramaturgo, escritor), com base na obra musical dos Queen e com a colaboração de Brian May e Roger Taylor.


Apesar da crítica ter sido impiedosa, como tão frequentemente acontece quando se trata de produções culturais de cariz não erudito, a preferência de um público verdadeiramente global, que tornou este evento um indiscutível  sucesso de bilheteira desde a sua estreia em 2002, não deixa margem para dúvidas no que concerne à sua qualidade.



Os bilhetes podem ser adquiridos através da Ticketmaster, e julgo que em Portugal também através da Ticketline e custam cerca de 70 euros...mas vale bem a pena. É de facto um espectáculo electrizante, com artistas muito talentosos, e um enredo que dramatiza a distopia de uma sociedade panóptica em que o rock foi banido e só se ouve um tipo de música (ga-ga)...

Aqui fica a descrição do enredo, disponível no website do musical em
http://www.wewillrockyou.co.uk/:


"The time is the future, in a place that was once called Earth. Globalisation is complete! Everywhere, the kids watch the same movies, wear the same fashions and think the same thoughts. It’s a safe, happy, Ga Ga world. Unless you’re a rebel. Unless you want to Rock. On Planet Mall all the musical instruments are banned. The Company Computers generate tunes and everybody downloads them. It is an age of Boy Bands and of Girl Bands. Of Boy and Girl Bands. Of Girl Bands with a couple of boys in them that look like girls anyway. Nothing is left to chance, hits are scheduled years in advance.

Caught in a landslide, no escape from reality. But Resistance is growing. Underneath the gleaming cities, down in the lower depths live the Bohemians. Rebels who believe that there was once a Golden Age when the kids formed their own bands and write their own songs. They call that time, The Rhapsody.
Open your eyes, look up to the skies and see. Legend persists that somewhere on Planet Mall instruments still exist. Somewhere, the mighty axe of a great and hairy guitar god lies buried deep in rock. The Bohemians need a hero to find this axe and draw it from stone. Is the one who calls himself Galileo that man?
He’s just a poor boy. From a poor family. But the Ga Ga Cops are also looking for Galileo and if they get him first they will surely drag him before the Killer Queen and consign him to Oblivion across the Seven Seas of Rhye. Who is Galileo? Where is the Hairy One’s lost axe? Where is the place of living rock?

Anyway the wind blows."


E aqui fica o trailer do musical, assim como a dramatização do padronizado mundo ga-ga...



We Will Rock You London Cast | Vídeos de Música do MySpace


28 dezembro 2009

Citações: O breve encontro de Freddie Mercury e Sid Vicious

Este post inclui o vídeo de "Bohemian Rapsody" dos Queen.

In Blitz (Janeiro 2010), nas bancas a partir de amanhã...



"O som que ecoava dos Wessex Studios de Londres tinha características hipnóticas e primitivas.  E enquanto naquele verão de 77 os Sex Pistols estavam fechados no Estúdio B, a trabalhar no que se viria a tornar Never Mind The Bollocks... , outra das mais notórias e controversas bandas do rock inglês estava na porta ao lado, no hall espaçoso de igreja gótica que constituía o Estúdio A. (...)
"Os Sex Pistols vieram conversar connosco", recorda agora Brian May, guitarrista dos Queen. "Meu Deus, lembro-me como se tivesse sido ontem. Falei sobre música com o John Lydon, que parecia muito cortês - e, é claro, houve aquela conversa lendária do Freddie Mercury com o Sid Vicious".
Na mitologia do rock está gravada uma breve troca de palavras entre o "enfant terrible" dos Pistols e o colorido cantor dos Queen. Diz-se que Vicious lhe perguntou "Ah, Freddie Mercury, continuas apostado em trazer o ballet às massas, hã?". E a resposta imediata de Mercury: "Oh sim, Mr. Ferocious, querido, fazemos o nosso melhor". "

Mais informação sobre este número da revista aqui.
 
E a incontornável masterpiece dos Queen...

27 dezembro 2009

Copenhaga, Meio Ambiente... e a Música

 Este post inclui os vídeos de duas covers de Beds are Burning (Midnight Oil) no âmbito da campanha Climate Justice (2009), e de "Kepone Factory", Dead Kennedys, "Nuclear Waste", Oi Polloi, e "Kyoto Now!", Bad Religion".

Ao deambular sem objectivo pelo jornal britânico The Guardian (versão online) deparei-me com um artigo no blog de música do jornal, intitulado "Emergency on planet pop: How rock'n'roll failed to adjust to the climate", surgido no âmbito da recente e desastrosa (criminosa?) cimeira de Copenhaga. Para ler o artigo clicar aqui.


Em traços gerais, o  autor contrasta o aparecimento recente e tardio de manifestações artísticas que visam directamente questões ambientais / de alterações climáticas com uma 'linhagem' musical de tratamento destas temáticas que se estende pelo menos desde o movimento hippie da década de 1960, e que assumiu uma abrangência quase banal: tal como ele refere, a defesa de causas ecológicas tornou-se quase obrigatória no universo pop e rock. Contudo, a argumentação rapidamente passa para a constatação e crítica da timidez e debilidade das letras e, consequentemente, da capacidade, criatividade ou sentido crítico dos seus autores.


Concordo com o autor na crítica velada a muitos músicos que abordam temas "quentes" da actualidade socio-política com objectivos puramente pessoais, como o incremento de vendas e/ou de popularidade.


Por outro lado, e sem conhecer a produção artística (não musical) sobre questões ambientais nas últimas décadas, tenho a certeza que ela existe, e que o autor está a incorrer num erro grosseiro ao defender o seu surgimento recente.


Por último, e relativamente ao carácter básico ou naïve das letras, mais uma vez considero que se trata de uma generalização inaceitável e uma grande dose de ignorância. É verdade que o autor se baseou principalmente na cover recente de "Beds are Burning" dos Midnight Oil por parte de um conjunto de músicos pop, para se tornar o "hino"  da campanha global de pressão para a tomada de decisões sobre a questão ambiental (no âmbito da conferência de Copenhaga e em curso) http://www.timeforclimatejustice.org./, com inúmeros apoiantes célebres (como Kofi Annan, Desmond Tutu, Dalai Lama, entre muitos outros.




Contudo, a  má qualidade da cover (e/ou da adaptação da letra) não pode ser tomada como exemplo da generalizada falta de qualidade de músicas e letras sobre questões ambientais. Para além disso é bom lembrar (e o autor omite ou não sabe) que a música original, ao contrário de outras dos Midnight Oil, não aborda questões ambientais, mas advoga  a devolução das terras tomadas à tribo aborígene Pintupi.


Para concluir: apesar de insípida, e pouco eficaz, dada a notória ausência de figuras "galácticas" do universo pop anglo-saxónico, mais preocupadas em organizar tournées milionárias, a cover de "Beds are Burning" tem mérito, no âmbito da causa que serve. Muito mais interessante, contudo, mas menos mediática, é a versão latina realizada por um grupo de músicos Peruanos (ver abaixo).





Por outro lado, há de facto uma tradição já longa é extensa (mas talvez principalmente fora do mainstream...) de abordagem musical de temáticas ambientais, com produção de grande qualidade -  textual e musical. Claro que isso é muito fluido e discutível. Mas talvez seja mais interessante do que o vazio de conteúdo e de mensagem que existe e prolifera no universo musical, pop e não só.


Aqui ficam três exemplos: "Kepone Factory", Dead Kennedys (1978/1981), "Nuclear Waste", Oi Polloi (1987/2001), e "Kyoto Now!", Bad Religion (2002).





25 dezembro 2009

The Sex Pistols em 25 de Dezembro de 1977

Este post inclui o vídeo de uma festa de Natal oferecida pelos Pistols a crianças desfavorecidas, no dia de Natal de 1977. Com comentários de John Rotten e de Paul Cook.



(Foto de Bob Gruen, "With Straws", Luxenburgo, 1977)

Dezembro de 1977. "Never Mind the Bans Tour". Das 8 actuações previstas no Reino Unido, 4 foram canceladas, por motivo de doença ou pressões políticas. No dia de Natal, os Pistols fizeram 2 espectáculos em Huddersfield. Um deles consistiu numa matiné de beneficência para os filhos de bombeiros grevistas, de desempregados, etc...:

"25th December: The Sex Pistols play an afternoon Christmas Party at Huddersfield's Ivanhoes Club for children of local firemen, laid-off workers and single-parents. 1,000 bottles of pop and a huge cake are supplied by Virgin who also lay on free busses. In the evening the Pistols play the same venue without the afternoon's restraint and good behaviour."

(Sex Pistols Date Diary,
 http://www.rockmine.com/Pistols/SexDate2.html )

Estes acabariam por ser os últimos concertos dos Pistols no Reino Unido...

Aqui fica o vídeo dessa festa oferecida pelos Pistols há exactamente 32 anos...

24 dezembro 2009

Sugestões: DJ Billy Punk Session 25 Dezembro

Porque a época é de festa, para 'desenjoar' dos salgados e dos doces, queimar calorias, e para começar a sacudir o pó do velho ano, e da década...afinal o mundo não acabou, apenas ficou um pouco pior...boas notícias por isso...

Aqui fica a sugestão de uma festa para 'salvar'/ animar/ terminar da melhor forma o dia 25!



Mais informações em http://billy-news.blogspot.com/

A Punk Xmas Card???

Não é, mas podia ser, o espírito punk está lá...

A todos os amigos, conhecidos e desconhecidos que visitam esta página, deliberadamente ou por um qualquer acaso, desejo uma época festiva e um 2010 com muito humor, irreverência, amizade, solidariedade, muita música e... lots of fun!


(Para ver /fazer download:
http://media.photobucket.com/image/funny%20xmas%20cards/cballheimer/FUNNY/christmas_card.jpg)

Christmas Favourites

E chegados a este dia, aqui ficam algumas das minhas  favoritas da estação... "Ave Maria" por Chris Cornell, "Christmastime", Smashing Pumpkins, "Oi to the World!" dos Vandals e a bem conseguida cover dos No Doubt (também vale pela dramatização da história no clip) e finalmente uma música de polémica e duvidosa autoria, atribuída aos The Sex Pistols (mas talvez dos Ravers, que cantaram versões dos Pistols, imitando até o sotaque ...) "(It's gonna be a) Punk Rock Christmas"... espectacular, de qualquer forma...










The Sex Pistols?/ The Ravers? "Punk Rock Christmas", para ouvir clicar aqui...
Para ouvir ou fazer o download:
http://www.downloads.nl/results/mp3/1/punk+rock+christmas+the+sex

23 dezembro 2009

Novidades: Punk Rawk Christmas dos americanos MXPX


Este post inclui os vídeos "Christmas Day" e "Old Lang Syne" dos MXPX.


A banda de punk /pop punk americana acabou de lançar o álbum de Natal Punk Rawk Christmas.

Algumas das músicas estão disponíveis para audição no site da banda no myspace aqui.

Para ler uma original conversa entre "os discípulos de Jesus" a propósito deste álbum e da compatibilidade entre punk e religião no site Punk News  clicar aqui.

"Christmas Day" é o tema oficial de Natal da "Lego Toys 104"....palavras para quê??

Aqui ficam então os vídeos "Christmas Day" e "Old Lang Syne", a única cover do álbum...




Punk Christmas (cont.): The Vandals I Don't Believe in Santa Claus

A banda californiana The Vandals, activa desde 1980, gravou em 1996 o álbum 'natalício' (no melhor estilo punk) Oi to the World. "I Don't Believe in Santa Claus" é um dos temas desse trabalho.




Ficam aqui o vídeo (ao vivo) e a letra...



"I don't believe in Santa Clause
his corporate image forced upon
the blinded spending masses,
to enslave the lower classes


with obligatory gifts that serve to cleanse
a year of guilt and shame.
One token gesture justifies
the apathetic, hypnotized.


Leaving them to be Kris Kringle's slaves.
Buy! Buy! I won't do it.
The seasons obligation has not my participation.
Buy! Buy! I won't do it.
The money hungry mating call of corporate swine.

Cuz-
It's only for the money!
It's only for the money!
It's only for the money!
Now Buy!


He monitors naughty and nice
Big brother is St. Nick!
Methodically his judgments made
documented on his list.


I don't believe in Santa Clause
or his mystical façade
to teach the children wanton greed,
their lust for gifts becomes a need.


Brainwashed by the marketing
and victims of the corporate scheme.
Material possessions becoming their obsessions
till human life has lost its value
and you blindly do just just what they tell you
I don't believe!!!!


His tactics of intimidation repress the minds of youth
using fear for generations, His image hides the truth
He's just a puppet for the system, a glutton in a suit
with Yuletide propaganda and a bearded mask to boot!"

(http://3w.sing365.com/ com correcções)

22 dezembro 2009

Postal de Natal

"Postal electrónico de Natal realizado no âmbito da cadeira de Projecto II, do curso Design da Universidade de Aveiro. Este postal visa os problemas do excesso de consumo que se vão apoderando desenfreadamente da nossa sociedade, tendo por base o conceito de "prosumer"."
(http://www.youtube.com/watch?v=nhxf2Xg4xGc)

Mais sobre o conceito de "prosumer" em http://en.wikipedia.org/wiki/Prosumer

Citações: Tom Morello agradece a Jon Morter

Na sequência dos posts anteriores..



“We’d like to thank you very much for what you’ve done and I think it’s an excellent lesson for people…whether it’s on a small matter like who’s at the top of the chart or bigger matters like war and peace or economic inequality…when people band together and make their voices heard they can completely overturn the system as it is!”



(Tom Morello, o guitarrista dos Rage Against the Machine (ao vivo no programa radiofónico da BBC) agradece a Jon Morter, o ‘cidadão comum’ que iniciou a campanha no Facebook que levou a música “Killing in the Name” dos Rage Against the Machine ao topo do top britânico de Natal, vencendo a favorite, do concurso televisivo “X-Factor”.

21 dezembro 2009

Citações: Sobre a vitória dos Rage Against the Machine

Na sequência do post anterior...

Do artigo de hoje do jornal The Guardian, da autoria de Charlie Brooker e intitulado "Rage Against the Machine? Raging within the machine will do for now".

Para ler o artigo na íntegra clicar aqui.

"(..) If the Christmas No 1 turns out to be an angry, confrontational rock track that concludes with an explosion of f-words, it'll be precisely the shot in the arm the charts have been sorely lacking the last few years: something that puts a genuine smile on the face of millions of people; sensitive people, thoughtful people; people alienated by the stifling cloud of grinning mechanical pap farted into their faces on a weekly basis by cocky, clattering, calculating talent shows such as X Factor. It would give these people hope. Maybe only in a very small and silly way, but still: a tiny spoonful of hope. And what could be more Christmassy than that?"

Rage Against the Machine: "Killing in the Name" Nº1 Top Britânico de Natal

Este post inclui o vídeo (entrevista telefónica e "Killing in the Name") da emissão não censurada da BBC, filmada por uma equipa dos Rage Against the Machine.

Do artigo da Blitz: "Rage Against The Machine vencem "batalha" de Natal em Inglaterra" disponível em http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/55394


"Os Rage Against The Machine, com a música de 1992, "Killing In The Name", são os vencedores da "batalha" de Natal travada nas tabelas de singles inglesas, na passada semana. A história é simples, ainda que bizarra, e passou por - através de uma campanha no Facebook e outras redes sociais - impedir que o vencedor do concurso televisivo X Factor, Joe McElderry, fosse o número um deste Natal com uma versão de Miley Cyrus, "The Climb".


Em Inglaterra, o número um de Natal, ou seja, a canção mais vendida na semana das festas, é uma verdadeira instituição da pop. Ao final de uma semana renhida, os Rage Against The Machine acabaram por levar a melhor, vendendo mais de 500 mil downloads de "Killing In The Name", contra 450 mil cópias compradas do novato Joe McElderry. No final, uma das grandes vencedoras foi mesmo a indústria discográfica britânica, que assim conseguiu a sua melhor semana de sempre no que toca a downloads pagos.


Entusiasmados com a vitória, os Rage Against The Machine já agradeceram o apoio - e as mais de 65 mil libras a entregar a uma instituição de apoio aos sem abrigo. De igual forma, a banda de Tom Morello e Zack de la Rocha promete cumprir a promessa que fez de, caso vencesse a disputa, dar um concerto grátis em Londres, no próximo Verão.


Em declarações à BBC Radio 1, o vocalista Zack de la Rocha mostrou-se "em delírio" com as notícias, elogiando o facto de "uma acção espontânea conduzida pelos jovens no Reino Unido ter derrubado este monopólio da pop tão estéril. Quando os jovens decidem passar à acção, são capazes de tornar possível aquilo que parecia improvável".

 

Os Rage Against The Machine causaram polémica na BBC Radio, de resto, ao interpretarem, em directo, "Killing In The Name", não seguindo as instruções da estação e cantando a tirada "fuck you I won't do what they tell me". A BBC Radio acabaria por pedir desculpa aos seus ouvintes pelos impropérios."

Para ler o artigo da Whiplash com um vídeo com a versão censurada da BBC clicar aqui.

Para ler o artigo do The Guardian, com pormenores sobre como Jon Morter, fã de Iron Maiden, part-time DJ e especialista de logística teve a ideia de destronar a liderança de X-Factor da tabela de singles de Natal, e executou o plano através do Facebook..., clicar aqui.

Aqui fica o vídeo não censurado da transmissão da BBC e da actuação dos RATM:


Punk Christmas (cont.): My Christmas List dos Simple Plan



Os Simple Plan são uma banda de pop punk sedeada em Montréal, Canadá, formada em 1993, com três álbuns de originais: Simple Plan (2008), Still Not Getting Any (2004) e No Pads, No Helmets, Just Balls (2002).


O tema "My Christmas List" oferece uma abordagem bastante crítica do Natal neoliberal...


Fica o vídeo, ao vivo e na versão gravada, com a letra...



20 dezembro 2009

Arctic Monkeys: Tour europeia

Este post inclui um vídeo recentemente disponibilizado pela banda de Sheffield, de uma transmissão web feita em Julho de 2009, com temas do último álbum Humbug e uma cover de "Red Right Hand" de Nick Cave and The Bad Seeds.




Os Arctic Monkeys preparam-se para iniciar a tour europeia do seu mais recente (e algo desapontante?) trabalho Humbug. A tournée passará por Portugal, com concertos no Porto e em Lisboa, a 2 e 3 de Fevereiro, respectivamente. A 1ª parte estará a cargo dos Mystery Jets, uma banda indie de Eel Pie Island, Twickenham (Londres).



Site da banda no myspace: http://www.myspace.com/mysteryjets

Aqui fica o vídeo da transmissão web, disponibilizado pelos Monkeys.

19 dezembro 2009

K2o3 em Beja: Review

Este post inclui fotos dos K2o3 e o vídeo em que Tiago(wrongway) se juntà à banda para cantar "Racismo Não!"




Os K2o3 estiveram em Beja na passada quinta-feira, n'Uma espécie de Winter Party, um evento organizado pela Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG) para comemorar o final das aulas e a época festiva que se aproxima.

O ambiente era o habitual deste tipo de evento académico: a música (seja electrónica ou punk rock) é apenas o pano de fundo para o divertimento principal, que para muitos consiste na ingestão de álcool ou na busca de convívios coloridos...

O concerto caracterizou-se por isso por um público muito disperso pelo recinto, que não participou propriamente no evento, mas contou igualmente com um núcleo duro de fãs e com um aglomerado razoável de gente que aproveitou bem a festa!




Os K2o3 tiveram uma boa prestação, num palco de dimensões reduzidas que parecia oferecer pouca segurança, e brindaram o público não só com muitos clássicos como "Histórias de ti", "Veneno", "Tia Bestial" e "Vaquinha", bem como temas do mais recente álbum No Fio da Navalha, tais como "Lama", "Namorada", "Olhos nos Olhos", "Faca" e o espectacular "Ovelha Negra". A meu ver, faltaram "Abismo" e "Vira-lata".




O ponto alto do concerto foi talvez a entusiástica participação de Tiago, aparentemente vocalista e baixista de uma banda (local?/de tributo aos K2o3?) de nome wrongway...

De lamentar a péssima qualidade do som, que foi evoluindo para má e sofrível ao longo do concerto...MAS o balanço final foi francamente positivo e isso é que interessa...

...parabéns à AE ESTIG...a seguir queremos TARA PERDIDA...as t-shirts que circulavam pelo recinto não deixam margem para dúvidas..."O algodão não engana"!

Aqui ficam algumas fotos e o vídeo em que o Tiago se juntou aos K2o3 para "Racismo Não!"








18 dezembro 2009

Petição Online: Save Copenhagen NOW

Eu já assinei. Vamos contribuir como podemos. Afinal, é o nosso mundo...

Para assinar a petição clicar aqui ou ir a
http://www.avaaz.org/en/save_copenhagen/?cl=411087830&v=5020


"With just hours left, the historic Copenhagen climate summit is failing.
World leaders have begun the final hours of direct negotiations. The UK Prime Minister has directly appealed to Avaaz to build the tidal wave of public pressure needed to reach a deal that stops catastrophic global warming of 2 degrees.
Click below to sign the petition for a real deal -- the campaign already has a staggering 11 million supporters -- over the next 48 hours let's make it the largest petition in history! The name of every signer is being read out right now in the summit hall -- sign on at the link below and forward this email to everyone!

http://www.avaaz.org/en/save_copenhagen/98.php?CLICK_TF_TRACK

We are making history in Copenhagen. A group of young people have sat down in the middle of the summit and begun reading the names of every person who signs the petition for a real deal. Another group is doing the same 'petition reading sit-in' in the Canadian Prime Minister's office, and rumours are that more such actions will happen today. On an emergency conference call with 3000 Avaaz members today, UK Prime Minister Gordon Brown said:

"What you're doing through the internet around the world is absolutely crucial to setting the agenda. In the next 48 hours, don't underestimate your effect on the leaders here in Copenhagen"

Earlier, millions watched the Avaaz vigil inside the summit on TV, where Archbishop Desmond Tutu told hundreds of delegates and assembled children:


“We marched in Berlin, and the wall fell.
"We marched for South Africa, and apartheid fell.
"We marched at Copenhagen -- and we WILL get a Real Deal.”


Copenhagen is seeking the biggest mandate in history to stop the greatest threat humanity has ever faced. History will be made in the next 48 hours. How will our children remember this moment? Let's tell them we did all we could.
http://www.avaaz.org/en/save_copenhagen/98.php?CLICK_TF_TRACK

With hope and determination,


Ricken, Alice, Ben, Paul, Luis, Iain, Veronique, Graziela, Pascal, Paula, Benjamin, Raj, Raluca, Taren, David, Josh and the whole Avaaz team.

Citações: sobre Censurados


Para terminar o tópico abordado nos dois últimos posts...

Este post inclui o vídeo "Censurados" dos Censurados.

Catarina Lopes (amiga): “A malta parava pelos Coruchéus ou nas traseiras da casa do Ribas e às tantas o João dizia: “Bute até minha casa, ‘bora ensaiar”. Havia sempre montes de pessoal a assistir aos ensaios lá no quarto dele, mas como aquilo era bué pequeno, a malta tinha que ficar à porta e na casa de banho [risos].” (Conteiro e Figueira, 2006: 37).

Billy, a propósito do 2º concerto no Rock Rendez Vous (Janeiro de 1990): “A rua da Beneficência começou a ficar cheia, vinha pessoal de todo o lado. De garrafa na mão e cigarro na outra, contavam-se histórias de concertos passados, narrados com entusiasmo. Embora maioritariamente se vissem punks, também havia fãs de metal, de hardcore, de rock em geral e até freaks meio desvairados, mas a maior atracção eram os elementos dos Censurados a conviver no meio daquela amálgama de gente com a maior das naturalidades!” (Conteiro e Figueira, 2006: 62).


Rafael, vocalista dos 100 Surrados sobre a actualidade da banda/das letras: “Censurados é uma banda que toca em toda a gente porque as suas letras são tão actuais agora como o eram em 1989. Cantar “Srs. Políticos” faz mais sentido agora do que nunca, “Tu ó bófia” com a repressão da polícia na actualidade, “Não vales nada” com a exploração dos patrões aos empregados no trabalho, “Sentado ao balcão” por 1001 razões, “Melhores dias virão”…” (Conteiro e Figueira, 2006: 167).


“Comments” emotivos que diversos fãs da banda têm deixado em vários blogs/websites nos últimos anos (alguns bastantes recentes):


“(…) conheço as musicas de tras pra frente. Comprei os albuns sempre que foram editados "censurados"(vinil)+(mp3) "confusao"(vinil) "sopa"(cd). O primeiro encomendado na Bimotor ainda antes de editado. No dia em que o recebi pelos CTT reuniu-se um batalhao de malta em minha casa para o ouvirmos tipo concerto. (…) Até chorei no dia em que fui comprar o Blitz, (aquela terça feira fatidica tudo me aconteceu até acabei um namoro nesse dia, em que a capa dizia "Censurados acabam". Foram sem duvida os pais e reis do punk em portugues de portugal.”
“Também essa terça feira foi fatidica para mim quando comprei o Blitz e li "censurados acabaram",quando falei com o pessoal estava com as lagrimas a correr cara abaixo e todo arrepiado.Que saudades eu tenho desses tempo de glorias.” (idem)


“não tenho adjectivos para conseguir descrever os censurados , para mim , na minha humilde opinião foram e sempre serão a melhor banda nacional de todos os tempos (…) concertos no johnny guitar,cidade universitaria e outros mais censurados ate morrer.” (idem)

(No decurso da notícia da venda/reedição do 1º CD (esgotado) com o Blitz em Dezembro de 2005) “nem imaginas o quanto te agradeço por esta noticia!!! curti Censurados na minha adolescencia e fiquei bastante triste quando acabaram mas quase que tive um orgasmo psicologico quando soube que se tinham juntado para gravar um tributo e iam estar na queima em coimbra... vi-os ao vivo e simplesmente adorei!! mais uma vez obrigado!!vìcio(http://fumaca.blogs.sapo.pt/)”
“É verdade as letras dos censurados fazem todo o sentido nos tempos que correm, significa que o nosso país não evoluiu nada!!! A música dos Censurados é imortal!!!” Ladyxscorpion (há 4 meses)
(http://www.youtube.com/watch?v=Lj8CVNSxwdM&feature=related)

“Pessoal...até me arrepio com esta merda. É incrível a força que isto tem pois quase 20 anos depois ainda sinto a mesma sensação que na altura sentia (…)” hugomirandaclaro (há 11 meses)
(http://www.youtube.com/watch?v=Lj8CVNSxwdM&feature=related)

“fdç até o meu irmão com 14 anos é louco por isto é um jovem Censurado ! É pra verem qe Censurados nunca hão de morrer ! CENSURADOS SEMPRE !” bogus1979 (há 10 meses) (http://www.youtube.com/watch?v=PoD5ZCr-r5k&feature=related)

17 dezembro 2009

A contínua popularidade e actualidade dos Censurados (Parte II)

(continuação do post anterior...)

Este post inclui três vídeos dos Censurados (Angústia, Entrevista, Não vales nada).


A música é, sem sombra de dúvida, o factor determinante para o extraordinário sucesso e popularidade, bem como para o estatuto mítico que a banda rapidamente alcançou e continua a deter:

“As letras, em português, eram simples e directas, refrões fortes que traduziam o sentimento da juventude da era Cavaquista. O primeiro registo em vinil, na compilação "Feedback 001" incluiu os temas Senhores Políticos, Não Vales Nada e Está a andar de Mota (um instrumental). Tu ò Bófia, Não Vales Nada, Angústia, Senhores Políticos eram temas fortíssimos que foram passando de cassete em cassete e eram entoados em coro nos concertos muito antes do lançamento do álbum "Censurados", em 1990. Este disco é um álbum histórico que foi aclamado pela mais importante fanzine dedicada ao Punk e Hardcore na altura, a Maximum Rockn'Roll (EUA)”
É de facto a sonoridade dos Censurados, aliada a letras directas e acutilantes que abordam temáticas intemporais ou, por outro lado, profundamente actuais e ajustadas à sociedade contemporânea, que parecem explicar a imensa popularidade que os Censurados continuam a possuir, e o facto de continuarem a ‘tocar’ e influenciar as gerações mais jovens, posteriores ao ciclo de vida da banda.


No que respeita aos temas intemporais das letras, refira-se exemplificativamente a multiplicidade de situações / papéis que vivemos ao longo da nossa existência (ou a complexidade intrínseca do ser humano) de “Fui”, a rejeição social da diferença abordada em “Animais”, a inquietação, o desalento ou a perda de rumo em “Angústia”; “Não”; “A minha vida”, “Já sei” ou “Melhores dias virão”, os amigos falsos e oportunistas em “Amigo” ou “Venenosa”, a pequena vigarice de “Coxa”, as dificuldades da vida quotidiana urbana em “É difícil”.



Mencione-se ainda a abordagem crua e directa de temas de cariz social ou político em “Srs Políticos” (letra da autoria de João Pedro Almendra/'Autista') (“Quanto é que eles ganham/E se fartam de gastar/Enquanto meia dúzia/Se enche a valer/Há pessoas que têm frio/Sem nada para comer”), “Guerra Colonial” (“Só iam para lutar / Só iam para matar (…) /Só iam para sofrer/Só iam para morrer”), “Quero ser eu”, “Revolução”, “É difícil” (“É difícil, é difícil conseguir estar empregado/Mais difícil, mais difícil é ter um bom ordenado”), “Sopa”, “Buracos”, “Todos no mesmo barco” (Não é preciso pensar muito/O que digo não é novo/Todos sabem e é verdade/Quem se lixa é sempre o povo”), ou “Não vales nada” , para não falar do brilhante “Kaga na Cultura”, em que a ideia errada mas ainda hoje dominante de que apenas o passado e a erudição são “cultura” é exposto, atacado e desprezado:


“Diz-me o que vês/Na nossa cultura/Cheia de recordações ancestrais (…)/Kaga na cultura em Portugal/Daqui a 500 anos/Também podes ser cultura/Seres falado por toda a parte/Fazerem-te homenagens/Meia dúzia de doutores/Dizem que foste um génio/Mas a ti já nada te interessa/Porque nessa altura já estás morto.”



A contínua popularidade e actualidade dos Censurados (Parte I)

Este post inclui dois vídeos dos Censurados (entrevista+ao vivo 1991 e ao vivo no Johnny Guitar).



A realização de uma animada festa de tributo aos Censurados (referida em posts anteriores), no sábado passado no agradável e acolhedor In Live Caffé (Moita), que contou com a participação da banda Re-Censurados e do DJ Billy, e que incluiu a projecção de um filme documentário, fez-me reflectir sobre a contínua popularidade desta banda extinta em 1994.


Se as subculturas musicais portuguesas fossem um objecto sério de estudo na nossa academia, como acontece por exemplo no mundo anglo-saxónico, os Censurados seriam decerto um interessante case study.


Volvidos 15 anos do seu desmembramento, os Censurados continuam a possuir um imenso séquito de fãs de diversas gerações, duas bandas que lhes prestam tributo (100 Surrados e Re-Censurados), um livro (Censurados até Morrer!), vários websites e blogs que lhes são dedicados, e inclusivamente uma petição online, com quase 500 assinaturas, a solicitar que se juntem para um derradeiro concerto.


O que é que explica esta dedicação e esta espantosa e persistente popularidade - ímpar em Portugal - de uma banda há muito extinta, ainda mais numa altura em que a produção musical nunca foi tão abundante e acessível?


O livro de Augusto Figueira e Renato Conteiro Censurados até Morrer! (2006) (ver post anterior sobre o livro) oferece-nos algumas pistas. Um factor determinante terá sido a personalidade irreverente e a postura inconformista e transgressora dos membros da banda e a relação de grande proximidade que criaram com os fãs / amigos desde a sua formação, algo que está muito bem descrito no livro. Muitos fãs assistiram literalmente à génese dos Censurados, nos vários locais do bairro de Alvalade onde a malta parava, nos ensaios na casa do Ribas, ou no primeiro concerto no Bar Oceano (2 de Setembro de 1989)…


Rapidamente a banda congregou uma verdadeira legião de fãs, de diferentes estilos/subculturas, que os seguia e enchia os seus concertos frenéticos e electrizantes, num espírito de grande proximidade e comunhão: “Desde o primeiro concerto que o mosh, o stage diving, o crowd sufing e até o head banging se tornaram uma constante nos concertos da banda” (Conteiro e Figueira, 2006: 42).


(...Continua no próximo post)